Sobre o excerto de « Vou Para Casa » (2000) de Manuel de Oliveira.

À propos de l’extrait de « Je vais à la maison » (2000) de Manuel de Oliveira.

Nos outros excertos as pessoas estão sozinhas, na sua intimidade, e estão a olhar para o espelho porque querem. Aqui o homem é posto em frente ao espelho, num contexto profissional e o espelho não o reflete apenas a ele, mas também a maquilhadora e o cabeleireiro que se servem do espelho para olhar para ele, não para si próprias.

No entanto é uma cena muito íntima: a de um homem que se confronta com a sua velhice e que para trabalhar se deixa caracterizar de homem mais jovem. Ele evita olhar para o espelho, não porque não se queira ver transformado em jovem, mas porque o ser transformado em jovem só lhe mostra que está velho. Ele fecha os olhos. Talvez se esteja a preparar para encarar isso, talvez se esteja a preparar para se transformar nesse homem mais jovem, a sua personagem.

Dans les autres extraits les personnes sont seules, dans leur intimité, et ils regardent le miroir parce qu’ils le veulent. Ici on met l’homme face au miroir, dans un contexte professionnel et il n’y a pas que lui qui est reflété dans le miroir, mais aussi la maquilleuse et le coiffeur qui se servent du miroir pour le regarder lui, et non soi-mêmes.

Cependant c’est une scène très intime : d’un homme qui se confronte à sa vieillesse et qui pour travailler se laisse caractériser en un homme plus jeune. Il evite se regarder dans le miroir, pas pour ne pas se voir transformé en plus jeune, mais car l’être transformé en plus jeune ne lui montre qu’il est vieux. Il ferme les yeux. Peut-être qu’il se prepare pour y faire face, peut-être qu’il se prépare pour se transformer en cet homme plus jeune, son personnage.